domingo, maio 27, 2007

"Maçonaria, República e Poder Governativo"

Li uma crónica em que se falava da “Maçonaria, Republica e Poder governativo,” o que me causou alguma estranheza na interpretação do que li, e por vir de quem veio.
Sinceramente, não gostei!

Claro que cada um é livre de escrever o que pensa, seja quem for. Penso no entanto que há figuras respeitáveis e respeitadas que devem ter algum cuidado já que, a sua condição, influencia os outros e as suas acusações infundadas, no meu ponto de vista, podem ferir muita gente, milhões de pessoas, e assim, criarem animosidades desnecessárias.

É certo que desde sempre a Maçonaria foi confrontada com inúmeras notícias que criam perplexidade sobre a sua organização, os seus membros, e os seus valores.
A Igreja, mais “ontem” de que “hoje” foi sempre uma grande opositora à Maçonaria.
Ao contrário do que muita gente pensa a Maçonaria não é uma religião, nem faz “concorrência” a nenhuma, pelo contrário, respeita-as a todas.
Nenhuma é beneficiada particularmente. Perante a Maçonaria todas as religiões têm o mesmo valor espiritual.

Depois, na Maçonaria Regular, só são admitidos homens crentes num Ser Superior, o “Grande Arquitecto do Universo” que é Deus, na interpretação de cada um. É verdade que "olha" do mesmo modo os católicos, protestantes, muçulmanos ou judeus até porque, no seu seio, não se discutem religiões, nem políticas, respeitando-se a crença e a opção política, de cada um.
A Maçonaria abraça, e tem membros de todas as opções políticas democraticas e credos religiosos, e todos convivem fraternalmente.

Toda a gente sabe, ou devia saber, que as grandes religiões sempre constituíram no seu seio grupos restritos de seguidores, prontos a tudo, inclusive exterminarem outros seres humanos, para defenderem os princípios da sua religião. Se olhamos o mundo continuamos a ver o dizimar de milhares e milhares de vidas inocentes, por causa das posturas intolerantes das hierarquias religiosas.
A Maçonaria é, e sempre foi, contra fanatismos religiosos, logo intolerantes, venham de onde vierem. Para a Odem Maçónica o humanismo está acima de tudo.

A Maçonaria é, uma opção filosófica - espiritual.
Não entra quem quer na Ordem Maçónica, só entra quem é escolhido e convidado, e tem de ter condições para isso, tendo como imposição, ser Livre e de Bons Costumes.
E mesmo esses, são escolhidos por alguém de dentro, que é responsável moralmente perante os seus “Irmãos” e a Ordem, não dispensando mesmo assim, um rigoroso inquérito ao comportamento familiar, moral e social do “candidato.”

A função principal da Maçonaria é o aperfeiçoamento interior de cada um, é o desbastar da “pedra bruta” que há dentro de cada um de nós na procura infindável, da Verdade e da Luz.
A influência que exercem na sociedade em que está inserida, não é feita através da "pregação" mas através dos seus comportamentos, que devem ser, e são, exemplares e transparentes, e não fingidos.

A Maçonaria respeita e obedece as leis do país onde se sita, e a Nação, é sagrada.
Nos seus Ágapes, o primeiro brinde é sempre dirigido respeitosamente ao Soberano, ou Presidente da República, seja ele quem for, conforme o país onde estão inseridos.
Um Maçon não faz sermões, faz “Pranchas” que com humildade apresenta à consideração dos seus Irmãos, que não o aplaudem nem criticam, mas que o ajudam fraternalmente a melhorar.

A Liberdade Igualdade e Fraternidade, está e é cultivada nos seus corações, e a tolerância é praticada entre si e os seus semelhantes.
É seu dever proteger estes valores e ajudar sempre os outros, fazendo-lhes sempre aquilo que gostariam que lhes fizessem a si próprios.

Aos Maçons deve-se a criação da Cruz Vermelha e da Unesco entre tantas e tantas Instituições de Solidariedade Social. Os hospitais dos Shrines nos EUA, são obra de Maçons.
É uma verdade que no seu seio desde sempre, e ainda hoje, constam Reis, Príncipes, Presidentes da República, Ministros, Deputados, Militares, Músicos, Professores, Industriais, Comerciantes, Operários, e outros, e todos eles, convivem fraternalmente e têm muito para ensinar e para aprender entre si. Enriquecem-se uns aos outros, cada um com a sua experiência.

A Maçonaria nada tem a ver com a “Carbonária“, que foi uma “ordem” equidistante, mas que, sempre tentaram ligar à Ordem Maçónica. Acredito na Maçonaria, e na sua filosofia espiritual, sem ser Maçon, por muito que continuem a tentar denegri-la. Não é centralizadora, não existe um decisor centralizado, um “Papa”.

Por último penso que tecer desconsiderações à Maçonaria é procurar conflitos gratuítos, porque ofende milhões de pessoas espalhadas pelo mundo. É ainda ofensivo para milhares de portugueses, que são pessoas de bem, e particularmente, ofende Aveiro, e os seus homens mais honrados.
Ofende muitos que foram mártires, e que dispensaram ser santos.

Aqui, curvo-me humildemente para prestar homenagem entre outros, aos ilustres Maçons Aveirenses:
Conselheiro Joaquim José Queirós; Tenente-Coronel Manuel Maria da Rocha Colmeeiro; Juiz Corregedor Francisco António de Abreu e Lima; Francisco Silvério de Carvalho Magalhães Serrão; Juiz Desembargador Francisco Manuel Gravito de Veiga Lima; Coronel Clemente de Morais Sarmento; José Estevão; Egas Moniz; Manuel Firmino; Alberto Souto(Avô);Sebastião Magalhães de Lima; José Luciano de Castro Pereira Corte-Real e tantos e tantos outros.

E porque respeito aquilo no que os outros acreditam não vou falar na "miséria moral" que ao contrário da Maçonaria, a Igreja com conhecimento, muitas vezes alberga. Não tecerei considerações sobre a "ordem" dentro de outra Ordem que é a “Opus Dei” e algumas das suas funções na sociedade.
Não falarei da influência negativa que o cardeal Cerejeira teve junto do ditador Salazar, e muito menos falarei da “Inquisição" e das suas atrocidades.

É que, mesmo não sendo Maçon, desde muito cedo me ensinaram a respeitar as convicções políticas e filosofias espirituais, de cada um.

8 comentários:

Nuno Q. Martins disse...

Caríssimo Terra & Sal;

Venho até sua casa agradecer-lhe as palavras que deixou no Código e retribuir-lhe aquele abraço amigo que muito me conforta.

João Branco disse...

Os pedreiros-livres tem muito que se lhes diga...
Olhe que agora até já se reunem em confrarias gastronómicas...

anjo da noite disse...

bem ca estou eu para lhe agradecer , por ter passado no meu jardim so nao lhe ofereci de beber e comer porque nao estava em casa loooool passe sempre que quisere
bjs

Arauto da Ria disse...

Amigo Terra&Sal,
um tema interessante e polémico.
Não nos podemos esquecer que antigamente o povo menos ilucidado, chamava "Maçonicos" ás pessoas que não iam á missa, ou não seguiam a religião católica, mas esta ideia foi introduzida pelo regime de Salazar e Cerejeira, para denegrir e hostilizar grandes democratas que já faziam parte dela.
Temos no entanto que reconhecer que os Maçons nem todos eles eram (como em tudo), só poços de virtudes, mas a maioria foi e é gente a quem muito deve o Povo.
Poderia esmiuçar muito mais, mas o importante é reter a sua mensagem e curvar-nos perante muitos que foram um exemplo de vida solidária e fraterna.
Um abraço.
PS. Sabe ando preguiçoso e sem tempo para escrever e muitas vezes até me apetecia meter a "colherada" num ou noutro blog da esfera Aveirense.

maresia_mar disse...

Olá
eu também não sou mas também me ensinaram a respeitar acima de tudo os outros.. O mal da nossa sociedade é que ninguém olha senão para o seu próprio umbigo.. Bjhs e montanhas de sorrisos

AC disse...

Lá nos vamos dividindo por entre confrarias, ordens, máfias, grupos de interesse e outras saudáveis e respeitadas organizações, a bem da nação e dos que as integram. É a vida meu amigo, todos resolvemos a orfandade com o encosto à esquina certa.

Pois tive muito gosto em o ver pela aldeia que vai sentindo a sua ausência.

Cpts

Edgar Pedro disse...

Ola Terra&Sal,tambem não sou maçom
alias sou evangelico e aprendi que o melhor caminho para se chegar a Deus é o do respeito ao proximo sendo assim não devemos condenar nimguem,ate que,como homens que somos estamos todos sujeitos a erros.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.