segunda-feira, abril 02, 2007

Não há crimes perfeitos...

Não há crimes perfeitos, mas há crimes que ficam impunes.

No dia 2 de Abril de 1976, em Trás-os Montes, assassinaram o Padre Max e a estudante, Maria de Lurdes, que vinha com ele no carro, depois de acabarem de dar aulas a trabalhadores e trabalhadoras, que queriam aprender a ler e a escrever, e libertarem um pouco as amarras do analfabetismo, com que o fascismo os “dotou” durante décadas e décadas, para assim, melhor os explorarem.

Mataram o Padre Max, com uma bomba que colocaram no seu carro, enquanto ele dava aulas de alfabetização, a gente pobre e humilde, que não tinha, nem nunca teve, possibilidades de ir à escola. Morreu, não por ser vigarista, ou por roubar o estado, mas apenas e só, pela sua dedicação aos outros, como mandam os Evangelhos.

Foi um crime friamente calculado, sem respeito pela vida humana, sem avisos, sem contemplações, sem misericórdia.

Um crime hediondo, atribuído à extrema-direita em Portugal, dominada por meia dúzia de badamecos que se impõem, não pela sua coragem, mas pela força do dinheiro, subtraído por meio de vigarices, ou através da exploração da força de trabalho, de gente honesta. Uns desgraçados, que pensam mandar nas Nações.

Ainda hoje, e muitas vezes, até os próprios Estados, para comerem as suas “babalhadas” migalhas, põem-se de cócoras, perante estes bandalhos.

Na ocasião, e de lá até hoje, acusou-se, e acusa-se ainda, da cooperação neste assassinato, uma personagem de Braga, figura sinistra da Igreja católica, ligada desde sempre ao grande “capital”, e por eles, desde sempre idolatrada.

Mas esse infeliz, por muitos afagos que receba de mãos sujas, não passa de um cão vadio, que vagueia pelo Templo de Deus, e que nunca ninguém, teve a coragem de escorraçar a pontapé.
A sua consciência deve ser pesada como chumbo.

Independentemente disto, é chocante nunca se ter ouvido por parte da Igreja católica, reclamar por justiça para o Padre Max. Preferiu como sempre o silêncio quando lhe mataram este seu filho, aliás, como sempre fez, no meio século do fascismo, não falando já, de outros tempos, de má memória.

Invoco hoje esta efeméride, em memória do Padre Maximino, com respeito, admiração e agradecimento, pelo seu contributo, para que hoje, todos nós, sejamos mais livres.

Um abraço ao Arauto da Ria, que nos lembrou independentemente das cores politicas, credos ou raças de cada um, este dia 2 de Abril, que foi e será sempre, o dia de um mártir, pela liberdade.

9 comentários:

Arauto da Ria disse...

Amigo Terra&Sal,
sei que não está á espera dos meus agradecimentos, mas mesmo assim o meu obrigado, pela soliriedade e pelas lindas palavras sobre o meu amigo Maximino.
Ha! Tenho tanta pena que não escreva no seu canto sobre diversos temas como hoje o fez.
Um grande abraço.

Arauto da Ria disse...

Ressalve,
solidariedade.

Aprendiz de Viajante disse...

Gostei de entrar aqui e ver isto cheio de novidades.

Passei para te desejar uma feliz Páscoa.

Pé de Salsa disse...

Amigo Terra & Sal,

Muito obrigada pelas visitas, sempre agradáveis.

Este seu texto sobre o Padre Max mostra-nos algo do que deve ser como ser humano. Muitos de nós gostaríamos de o conhecer, tenho a certeza!

Já agora, os meus sinceros parabéns por ter sido seleccionado pelo Diário de Aveiro de ontem como autor de um dos melhores blogs aveirenses (não sei se viu o jornal).

Aproveito para lhe desejar e aos seus familiares uma Páscoa muito feliz.

Um abraço.

Terra e Sal disse...

Meu Caro Arauto:

A justiça não tem, nem deve ser agradecida. É um dever e um direito, que devia assistir a todos os cidadãos.
Infelizmente, no nosso país, que se quer guindar, não por mérito próprio, mas à força, para junto dos países ditos evoluídos, a justiça, funciona como num país do terceiro mundo.
O caso do Padre Max, entre tantos e tantos outros, é disso o exemplo.
A corrupção física, moral e material, sempre nos impediu e continua a impedir de confiarmos cegamente na justiça, e de confiarmos nos nossos direitos de verdadeira cidadania.
O Padre Max detinha o Ser, e a prova está que, passado que são 31 anos da sua desaparição física, ele continua vivo entre nós.
Que o Padre Max tenha a paz que merecem todos os homens justos.
Um abraço Arauto e boa Páscoa.

Terra e Sal disse...

Obrigado Elsa.

Foi bom ter-te cá, que vieste de tão longe...
Os amigos estão sempre presentes em nós, mesmo quando as suas palavras estão ausentes.
De quando em vez vou espreitar o teu “Aprendiz de Viajante” que esse sim, surpreende-nos sempre pela positiva.
As flores sempre vivas, as árvores, os poemas com que nos brindas, transmitem-nos aquela paz e harmonia que nos desejas e que, muitas vezes, procuramos como tranquilizante, neste mundo sempre arrebatado de ódios e descompaixão.
Uma Páscoa boa e alegre para ti e para os que te são queridos.

Terra e Sal disse...

Mina boa Amiga Pé de Salsa:

Honra-me sempre e agradeço a sua visita a este Blog, sempre desassossegado, e principalmente, desarrumado.

Efectivamente o “Salmarítimo” foi citado pelo Diário de Aveiro que leio todos os dias.
Na referência que fez mostrou acima de tudo, muita cortesia, e ilustrou alguma simpatia e bondade, da parte de quem o visitou.
Creio que, uns de cada vez, todos os Blogs da nossa região são citados, o que é bom para a blogosfera Aveirense, já que, muitas vezes aparecem alguns, que desconhecíamos terem a sua “sede” em Aveiro.

Quero dizer-lhe que fiquei contente por ter acedido às múltiplas solicitações, eu li, para que continuasse a dar-nos as maravilhas, que o “Nos e os Outros” nos tem vindo a oferecer desde sempre, e a que já nos habituou, há muito.
Penso que é dos poucos, se não o único, que fotografa a cidade, o concelho, e até o país, nos seus sítios mais recatados.

É efectivamente um Blog diferente, cheio de vida e luz, e que preenche a blogosfera Aveirense, de poesia, lida e sentida.
Um beijinho para si. Tenha uma Páscoa alegre e feliz, na companhia dos seus ente queridos, e volte sempre.

Arauto da Ria disse...

Caro Terra6Sal,
parabens pela citação no DA.
Gostava que nos desse sómente metade daquilo que pode e sabe, mas você é mesmo assim, errante e vádio em relação ao seu blog.
Uma Páscoa feliz e aquele abraço.

Terra e Sal disse...

Meu bom Arauto:
“Deus escreve direito por linhas tortas”...
Uma boa Páscoa para si.
Um abraço