sábado, outubro 06, 2007

50 Anos depois do I Congresso Republicano

Hoje, dia 6 de Outubro de 2007, comemora-se os 50 anos do I Congresso Republicano em Aveiro.
Segundo o governador civil de Aveiro, Filipe Neto Brandão, esta comemoração sublinha a importância de que revestiu o histórico congresso, “como elemento congregador da evocação do ideário republicano, fundador da modernidade social, política e cultural”. As comemorações decorrem no mesmo local, o Teatro Aveirense, e foram inspiradas no programa de 1957.
A 6 de Outubro de 1957, há 50 anos atrás, realizou-se na cidade de Aveiro o I Congresso Republicano. Realizado numa época em que a referência republicana constituía uma componente essencial da luta pela democracia em Portugal, o Congresso Republicano de Aveiro assumiu-se como um importante fórum de ideias e de debate entre homens e mulheres vindos de todo o país, que partilhavam o desejo comum de liberdade para Portugal.Este relevante acontecimento trouxe à consciência da época muitos dos aspectos da utopia republicana que ainda hoje podem e devem servir os princípios e exemplo de política democrática, como os direitos do homem e do cidadão, a responsabilização dos políticos e servidores do Estado, a descentralização territorial, o associativismo a todos os níveis, a prevalência do interesse geral sobre os interesses sectoriais ou corporativos, a educação cívica ou a responsabilidade social dos indivíduos.A comemoração do Congresso Republicano, ao mesmo tempo que pretende realçar o seu significado e valores, visa evocar a memória de todos os homens e mulheres que contribuíram decisivamente para a sua realização e que nele participaram, num claro acto de coragem e vontade de forçar a mudança do rumo político do país.De igual modo, esta comemoração – a exemplo da filosofia que preside às comemorações do Centenário da República que se celebra em 2010 – encerra em si o objectivo de contribuir para a revindicação do ideário republicano como substrato fundador da nossa modernidade política, social e cultural.

6 comentários:

Carlos Martins disse...

Só estranhei a alusao do Dr Jorge Lacao, a proposito das comemorações dos 100 anos da Républica, para a inclusão e recuperação do que chamou "edficios republicanos". Ora, tendo em conta que a I Republica apenas durou 16 anos e a II ainda decorre com pouco mais de 30 anos, pergunto-me que edificios republicanos havera a recuperar...

Ja agora, faltou dizer que nem tudo é "coisa publica" e que talvez o maior erro ate agora cometido é não definir de uma vez por todas e bem argumentado cientificamente o que pode ou não ser "coisa publica". Para não andarmos a brincar às ideologias, e passarmos ao desenvolvimento propriamente dito.

Cumprimentos!

Terra e Sal disse...

Meu Caro Carlos Martins:
Sinceramente não ouvi essa parte do Dr. Jorge Lacão. Daí não poder “traduzir” a intenção, ou “segundas intenções” das palavras que você citou: recuperação de “edifícios republicanos”…
Ouvi o Professor Vital Moreira que falou em “correcções” que há ainda a fazer, e segundo a minha interpretação, entre outras, referia-se por exemplo, às “vantagens” de uma religião em relação a outras.
Mas de certeza a Comunicação Social gravou as intervenções, e amanhã, ou depois, já tiraremos dúvidas, e as devidas ilações.
Mas no caso do Prof Vital Moreira ter dito o que interpretei, penso que tem razão, já que, num “Estado laico”, isso não devia acontecer, penso eu.
…Já agora um aparte:
Se tratarmos todas as religiões por igual, um dia, quando tivermos de dar satisfações ao Criador, não seremos penalizados porque fomos imparciais, caso contrário, a coisa pode ficar preta, e nós sairmos “chamuscados.”
Na questão de nem tudo ser cientificamente “coisa pública” sabe perfeitamente que eu, no meu modesto modo de pensar, penso que tudo é “coisa pública”.
O homem, individualmente, é somente usufrutuário. Poderemos eventualmente considerar, que tecnicamente, temos posse disto, ou daquilo, mas não cientificamente.
Olhe por exemplo se eu deitar fogo à minha casa, ao carro, cortar uma oliveira etc, o crime, implica os danos causados ao bem comum. Daí…
Depois, falou no andar a brincar às ideologias…
Não estando nós, num estado totalitário, nem em vésperas de o ser, penso eu, as ideologias de cada um, sejam quais forem, desde que democráticas, não afectam o desenvolvimento, bem pelo contrário. Conheço algumas que pugnam por mais desenvolvimento. Outras, no meu ponto de vista, são mais abrangentes, querem associado ao desenvolvimento, a evolução.
É que o materialismo, ou a riqueza que se cria, tem que estar sempre em equilíbrio com a parte social.
O que se cria, é para distribuir “equitativamente “ e não confunda o equitativamente, já que, mesmo sem dividirmos em partes iguais, poderemos com o equitativo, proporcionar melhores condições de vida a todos.
No momento que estamos a atravessar da globalização, mais a globalização particular da China perante o mundo, veja o que aconteceu…
Criticavam e criticam os chineses, pela vida desumana que dão ao seu povo, o resto do mundo na vez de os obstar, submetem-se ao seu sistema, estão já a fazer igual, e pior ainda, subalternizam-se em relação a eles.
A parte social fica sempre nas escadas da casa, em todo o lado, nunca entra.
Fica eternamente à espera que o “aventureiro do capital” lhe atire umas migalhas por debaixo da porta, que tranca quando entra. E a miséria vai grassando por todo o lado, e os “aventureiros” justificam-se, chamam a isso efeitos da “recessão” que claro, os próprios criam.
Bem,como sempre já vou longo...
Foi um prazer tê-lo recebido na minha “favela”.
Cumprimentos e amizade,
Caríssimo Dr. Carlos Martins.

Carlos Martins disse...

Meu caro,

Sou obrigado a concordar que o principio da laicidade do Estado não está de facto a ser inteiramente cumprido. E claramente o Estado não deve tecer opiniões - e ja se sabe que o Estado quando opina raramente dá espaço a liberdade de escolha abrangente... - sobre assuntos da esfera privada e pessoal, nomeadamente da religião. Admito que me custa imenso ver retirar simbolos cristãos das escolas e dos espaços publicos, quanto mais não seja porque faz parte da nossa cultura há muitos seculos. Mas ao admitir isto, quero também frisar a importancia do Estado saber onde deve e principalmente onde não deve intervir. Se a religião é um desses casos, há muitos outros que deveriam sofrer a mesma atenção e reparo. E no espirito da comemoração dos 50 anos do I Congresso Republicano porque não invocar e rebater ideias pre-concebidas que não obstante esse facto poderiam ser alvo de alterações significativas. Ou seja, menos Estado não têm que significar pior Estado. Discordo fortemente do ilustre Prof. Doutor Vital Moreira quando este reclama a igualdade da educação para a esfera do publico. Discordo que o Estado dite portante onde alguem deve estudar, e defendo que deveria dirigir recursos para que a igualdade seja concreta, ou seja, todos terem a possibilidade de serem o melhor possivel, sem constrangimentos financeiros ou sociais. Isto com o actual sistema, ao contrario do que utopicamente se afirma, não é possivel. Na segurança social é outro caso flagrante, onde o Estado não permite liberdade de escolha para a reforma. Na Saúde idem. Ou seja, pelo menos nestes três casos encontro argumentos onde se poderia aplicar o mesmo principio usado para invocar a laicidade do Estado. Liberdade de escolha. Mas haveria muitos mais.

A questão da China que levanta é porém ainda mais complexa. Só por si porque é dificil perceber um país do tamanho de um continente, com cultura diferente e desigualdades inimaginaveis que é governado por um regime comunista, que baseia a economia no planeamento central abrindo a economia ao sistema de mercado. Ha dois grandes polos economicos: Shanghai e Shenzen, com Hong Kong, Macau e Pequim a completarem o eixo "desenvolvido". Mas não se julgue que a culpa disto tudo é do capital, porque como ja referi, foi por decisão do governo chines que a economia se abriu parcialmente. Mais, também é por decisão deste que a China detem mais de um trilião em reserva monetaria em dollares (trilião traduzido do ingles, deverá ser um quadrilhão em portugues, presumo), ou seja, a China so por si já tem uma "bomba nuclear" financeira ao seu dispor que faz refem os EUA. Depois não deixa a sua moeda valorizar-se, para continuar a exportar a preços baixos. Por sua vez, o Ocidente aproveita tudo isto para crescer sem inflação (em proporções nunca vistas). E o mundo como um todo cresce a 5% ao ano. A China é portanto uma grande incognita. Não me atreveria a dizer que o Ocidente se subalternizou à China. Mas que há demasiadas cedencias, sem duvida. E não é preciso ir muito longe, basta ver o comportamento do Ministro dos Negocios Estrangeiros Portugues aquando da visita do Dalai Lama...

Carlos Martins disse...

(e desculpe o abuso no uso dos comentários, mas deixe la cair o "Dr" que a blogosfera não é espaço para informalidades, nem tão pouco sou adepto da "portuguesice" do titulo académico por tudo e por nada...)

Terra e Sal disse...

Caro Carlos Martins:
Achei interessante a rapidez de raciocínio com que respondeu às questões…
Bem, o exercício que lhe dei também não era complicado, convenhamos,.
Pode ser que na próxima o questione mais, assim uma espécie de prova de mestrado. Hoje deixo ficar assim !
Claro que o meu Amigo fugiu logo para a área que lhe convinha, e explorou-a até à medula. Outra coisa não era de esperar com as brechas que lhe deixei.

Mas mesmo assim, não tem razão, como sempre, porque ficou com dúvidas em muitas coisas, e isso, para mim, são as conclusões que tiro do seu discurso:
Dúvidas e mais dúvidas!

A questão de no fim o tratar por “Dr.” não foi formalidade ou informalidade, mais ou menos consideração, apenas me apeteceu.
Hoje mais que nunca, e você sabe disso, os títulos académicos, ou honoríficos, nem valorizam mais, nem menos as pessoas.
Toda a gente tem licenciaturas, muitas como sabe, muito questionaveis.

Muitas empresas há, que primeiro falam com os candidatos, “inspeccionam-nos…” Depois, no fim, é que vêm habilitações académicas, e currículos.Hoje e cada vez mais vale quem sabe, não quem tem diplomas.
O tempo em que um diploma funcionava e era um abre-caminhos, acabou.
Agora tem de se saber. Por enquanto isso ainda não chegou à política, as coisas demoram, portanto lá o que é preciso ou pelo menos convém, é ser-se dr, ou engº, até porque, nem é preciso ser-se inteligente, nem fazer qualquer prova ou exame.

Com isto quero dizer que cada um vale pelo que é, pelo que sabe, e pelas capacidades que os outros lhes reconhecem.
Daí o meu conceito de si, e de você ser um “Dr”.
“Quem havia de dizer, não é? Sair isto de mim”
Como vê na verticalidade não está em causa ser-se juiz, não é julgarmos os actos, mas saber das razões, ou seja, conhecer-se o que vai nos corações...
(veja lá, que isto sai fora dos números e das cábulas que aprendeu, para saber que biliões num lado, dá triliões no outro)

Bem, já é tarde, tenho de me recolher ao vale dos lençóis, mas há coisas que são sempre interessantes conversar. E olhe que o Vital Moreira, é das coisas boas que temos neste Portugal à beira mar plantado, que mesmo sem andar ou desandar, é sempre melhor viver aqui, que na China.
Não critique o Governo por não ter recebido o Dalai Lama, você, melhor que ninguém sabe, que as conveniências económicas isso impuseram.

Para procedermos de outro modo teríamos de ser uma Cuba, que você detesta.

Daí a falta de dignidade que advém de todos os países ditos capitalistas e até de “economia de mercado,” que me fazem lembrar as prostitutas…
Estão sempre dependentes do capital, ou melhor, de quem o tem, e depois andam de “permanentes” feitas a ferro frio, e de unha pintada, convencidas que têm dignidade.

Para acabar, faça os comentários que quiser, e gaste os caracteres que lhe apetecer, que embora com ideias liberais, eu a si, escancaro-lhe as portas porque é um Dr. (: ) )
Tenha uma noite boa, e um óptimo domingo.

José Manuel Dias disse...

Uma homenagem justificadíssima.
Abraço
ET. Deliciei-me com a leitura dos comentários.